Uma análise psicológica do filme PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN
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Precisamos Falar Sobre Kevin é a história de uma grande catástrofe.
Esse filme aborda a história fictícia de Kevin, um adolescente por volta dos seus 16/17 anos, que matou seu pai, sua irmã, além de seus colegas de escola e professores.
A narrativa desse filme parece se inspirar em tragédias reais que aconteceram, em especial, nos Estados Unidos. Em 1999 houve o massacre da escola de Columbine e essa história ficou bastante marcada no imaginário norte-americano.
Infelizmente, de 1999 pra cá, esse tipo de tragédia só aumentou — inclusive com casos semelhantes ao de Columbine aqui no Brasil.
A grande pergunta que fica após esses massacres é o porquê. Qual motivo, o que levou uma pessoa a seguir esse caminho tão destrutivo na sua vida?
A resposta pra isso, eu já te digo, nunca é uma só, envolve toda uma cadeia complexa de fatores, mas o filme Precisamos Falar Sobre Kevin pode nos dar alguns caminhos pra entender esse comportamento antissocial que leva a grandes catástrofes.
Para entendermos esse personagem, precisamos entendê-lo dentro de um contexto.
E os principais personagens desse contexto em que vive o Kevin são o seu pai e a sua mãe.
A mãe de Kevin, Eva, é quem acompanhamos no início da história. Vemos Eva, antes da sua gestação, como uma mulher independente, bem resolvida, bem sucedida na sua vida profissional e não só nela, mas também na sua vida pessoal, possuindo um relacionamento amoroso com Franklin.
Essa vida estável da Eva, porém, começa a desmoronar. E não começa a desmoronar quando o Kevin começa a agir de um modo violento ou antissocial, mas assim que ela recebe a notícia de que está grávida.
Na psicologia, e mais especificamente na psicanálise, nós estudamos o quão importante são as fases iniciais da vida de uma pessoa. O carinho que você dispende em relação ao seu filho, o modo como conversa com ele, o modo como você o carrega, o modo como você constrói um ambiente seguro para que o bebê possa se sentir confiante e se expressar livremente vai determinar muito a personalidade dessa pessoa no futuro.
O Franklin, ao contrário de Eva, é o protótipo de pai perfeito. Ele dá carinho ao Kevin, eles jogam bola juntos, praticam esportes… Existe ali claramente uma relação de amor do Franklin para o Kevin e do Kevin para o Franklin.
Mas também aí reside um problema. Se pode-se dizer que a Eva não desempenhou satisfatoriamente sua função materna, pode-se afirmar que o Franklin não desempenhou bem a sua função paterna.
Isso porque, embora exista uma relação de amor entre os dois, não há uma imposição de limites do Franklin em relação ao comportamento problemático do Kevin.
Ele o presenteia, mas não impõe limites. Ele entende que algo tá errado, mas se isenta dessa responsabilidade.
Esse contexto de desamparo que o Kevin enfrenta em relação ao seu pai e a sua mãe vão consolidar nesse garoto uma personalidade antissocial que, futuramente, aos poucos, irá o levar à violência.
Kevin poderia ser evitado? Dado todo o contexto que eu relatei, sim. Inclusive, uma das cenas que parece despertar um sinal de esperança é quando a Eva está no quarto com o Kevin e conta para ele a história do Robin Hood. Ali você vê o quanto ele está feliz de estar com a sua mãe naquele momento. Talvez se essas demonstrações de afeto fossem mais frequentes a realidade fosse diferente.
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