Traçando um perfil psicológico de Hannibal Lecter | O que explica esse personagem?

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É curioso notar que no filme O Silêncio dos Inocentes os psiquiatras do departamento do comportamento do FBI tentaram que tentaram extrair informações a respeito do Hannibal, mas nenhum obteve sucesso. O que eles sabem é que o Hannibal é um canibal e foi isso que o levou pra cadeia. Nada mais.

Diferente dos psiquiatras desse filme, eu tenho acesso a outros recursos que podem ajudar a explicar quem é o Hannibal. Esses recursos são os outros filmes da saga que são 3 no total: Hannibal, a origem do mal, O Silêncio dos Inocentes e Hannibal.

O filme que mais vai nos mostrar a resposta que queremos é o primeiro na ordem cronológica, o filme Hannibal, a Origem do Mal. Nesse filme, podemos acompanhar os primórdios do futuro canibal e traçar os prováveis caminhos de como que essa psicopatia possa ter surgido.

Em Hannibal, a origem do mal, o espectador tem a chance de acompanhar um Hannibal ainda criança. Por volta dos seus 8 anos de idade, Hannibal vivia uma vida pacata junto dos seus pais, da sua irmã e de alguns empregados da família, na Lituânia.

Essa vida pacata do futuro canibal dura pouco, uma vez que em 1939 estoura a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha, que já havia invadido a Polônia, invade e ocupa, em seguida, a região da Lituânia.

Da Alemanha para Lituânia apenas um país de distância.

Para fugir da ocupação nazista, Hannibal e seus pais abandonam a casa e a cidade onde moravam, refugiando-se numa cabana afastada, no meio da floresta.

Isso não poderia dar certo, não é?

Nessa fuga, Hannibal e a sua família já presenciam, entre outras coisas, a morte de parte dos seus empregados por soldados alemães. Para piorar, já na cabana, os pais e o restante dos empregados da casa também acabam falecendo durante um bombardeio aéreo. Pra piorar AINDA MAIS, pouco tempo depois, essa cabana é invadida e a irmã de Hannibal se torna alimento de mercenários.

Se esses traumas não são o suficiente, saiba que as tragédias ainda não terminaram na vida do Hannibal. Quando sua vida parece que vai se encaixar novamente, ocorre uma nova sequência de violências e traumas no seu psiquismo — que, depois de um tempo, vão o levar, ele próprio, à violência também.

Juntando todos esses fatores e os aliando ao que acontece nos outros filmes, é possível dizer que o que o Hannibal virá a se tornar, após todas essas experiências traumáticas, é um sujeito com uma personalidade antissocial (ou psicopatia).

Esse transtorno de personalidade antissocial começa a aparecer mais ou menos na idade que o Hannibal tem no filme — que é o período do final da infância ou do final da adolescência e que, quando essa personalidade é consolidada, tende a permanecer durante toda a vida da pessoa.

Entre as características do transtorno de personalidade antissocial estão a de uma pessoa fria, insensível, sem compaixão, cruel, que não sente culpa/remorso, que é irresponsável, inconsequente, que se aproveita dos outros… Além disso, a pessoa de personalidade antissocial também tem, entre seus sintomas, a impulsividade e a agressividade — características mas notórias deste personagem.

A psicopatia, porém, possui um sentido além dos sintomas — e isso pode nos ajudar a entender as motivações deste personagem.

Segundo alguns autores que estudam a questão da psicopatia, o psicopata não tem por objetivo matar uma pessoa, mas algo da ordem da fantasia.

Pode-se supor, dado esse histórico, que quando Hannibal mata alguém, está simbolicamente matando ou se vingando inconscientemente dos assassinos da sua irmã, dos pais que o deixaram sozinho, ou os governantes da Lituânia, que não resistiram talvez o suficiente à ocupação nazista.

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