Como virar voto usando a Psicologia?
Um pouco de Aristóteles e sentimento.
Em 2003, uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos invadiu o Iraque, dando início a “Segunda Guerra do Golfo”. A justificativa para a guerra foi a de que o país de Saddam Hussein teria em seu arsenal armas químicas de destruição maciça que colocariam fim à paz mundial.
Anos mais tarde, os pesquisadores Brendan Nyhan e Jason Reifler examinaram as opiniões dos norte-americanos em relação a essa guerra. Em geral, haviam dois grupos: os que acreditavam na tese do armamento químico e os que desacreditavam dela. Para testar as opiniões dos que acreditavam, os pesquisadores apresentaram algumas notícias que desmentiam a justificativa estadounidense.
Brendan e Jason esperavam que ao apresentar um fato, as pessoas dariam o braço a torcer, mudando a opinião a respeito da guerra. O resultado não poderia ser pior. O grupo não só não acreditou nas evidências trazidas pelos pesquisadores, como também se agarrou ainda mais na tese de que o Iraque possuía tal armamento.
O que podemos extrair do experimento de Brendan e Jason é que fatos quase sempre não são o suficiente. Se quisermos mudar a opinião política de alguém, entrar em uma batalha de notícias e fontes resulta em nada senão perda de energia.
Mas então, como virar voto?
Em primeiro lugar, é preciso dizer que esse texto foi inspirado em um vídeo da Sabrina Fernandes no Instagram. Você pode vê-lo clicando aqui.
Neste vídeo, Sabrina nos orienta que antes de desmentir uma notícia falsa ou um absurdo dito por alguém, é preciso ouvir e perguntar.
Ao elaborar sua retórica, Aristóteles define 3 modos de persuasão, o ethos, o pathos e o logos.
Ethos: persuade-se pelo caráter, por quem é o orador, se este é digno de fé;
Pathos: persuade-se pela emoção, pelos sentimentos causados de tristeza ou alegria, amor ou ódio;
Logos: persuade-se pela lógica dos argumentos apresentados.
A extrema-direita chega ao poder no Brasil trazendo uma retórica focada na moralidade, na suposta destruição dos valores… em suma, em algo muito mais voltado para o pathos, para o sentimento, do que para a racionalidade. E por que não seguir a mesma lógica?
É preciso que se pergunte: qual o temor que as pessoas tem em relação a um governo de esquerda? O que elas imaginam ser um governo de direita? Qual o medo que estão sentindo? Por mais que o estômago se revire, é preciso estar aberto à experiência para que um novo conhecimento se construa.
A tarefa é árdua, mas é possível.
Ao construir uma via pelo pathos, é possível chegar ao logos. Esperamos.
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